Shelach
O destino dos espiões enviados
para explorar a Terra de Israel é bem conhecido.
Em vez de encorajarem as pessoas e de reforçar a sua fé em
D-us, a esmagadora maioria deste tão notável grupo fez exactamente o oposto.
Qual era na realidade a missão dos espiões? E o que é que
Moisés não queria que eles tivessem feito? Um exame mais detalhado do pedido
inicial de Moisés aos espiões pode esclarecer os sentimentos do próprio Moisés
na matéria.
No verso 18 (Bamidbar, Capítulo 13) Moisés declara;
"Vocês verão a terra." O tema de “ver” encontra eco mais tarde no
Livro de Devarim.
Depois de Moisés ter tomado conhecimento de que não
entraria a Terra de Israel, ele mesmo assim pediu a D-us “Deixe-me cruzar e ver
a Terra." (3:25)
"Porque o enfoque em “ver” a terra? Como é que se pode
beneficiar da terra só por a ver?
O Talmude (Sotah 14) ao examinar a persistência de Moisés
em querer entrar na Terra de Israel, pergunta o seguinte. “Porque é que Moisés
rezou tao ferventemente para lhe ser permitido entrar Israel? Será que ele
apenas queria lá ir para poder comer os seus frutos?”
De facto, diz o Talmude, “Moisés queria ter a capacidade de
cumprir os mandamentos que estavam especificamente ligados à Terra de Israel.”
Na perspectiva de Moisés, a Terra de Israel, era mais um
passo na sua relação com D-us, e uma oportunidade para aprofundar esta relação
para nela incluir todos os aspectos da sua vida.
Se a vida no deserto nos permitia a oportunidade de cumprir
os mandamentos de natureza mais espiritual, viver em Israel, estendia essa
possibilidade aos aspectos mais físicos da nossa existência.
Desde a plantação à colheita e tudo o que entre elas
ocorre, há inúmeras oportunidades de cumprir os mandamentos de acordo como o
desejo Divino.
E esta, diz o Rebe Lubavitcher, era a obsessão de Moisés
com o aspecto de “ver”.
Moisés queria transmitir aos seus discípulos, o Povo
Judaico no seu conjunto, o elemento de “ver” D-us em todos os aspectos da nossa
vida.
O factor que distingue realmente ver algo de apenas ouvir
falar de algo é a profunda impressão causada e o sentido de verdade
insofismável que é sentida pela pessoa que vê.
Quando meramente ouvimos falar de algo, um tópico ou uma
ideia, isso exige atenção e concentração, um esforço continuado para tornar tal
conceito uma realidade para nós.
O desejo mais profundo de Moisés era para o Povo Judaico
ter a apreciação mais profunda e mais sentida de D-us. Contudo, quando tal não
era ainda possível Moisés muda de caminho.
O mantra de todo o livro de Devarim até ao fim da própria
vida de Moisés é a mensagem de “Shema Israel", "Escuta Ó
Israel."
Ainda que "Shema," o ouvir e contemplar continue
a ser a peça central das nossas orações e da nossa relação com D-us, precisamos
acima de tudo fazer para que também sejamos capazes de “ver”. Estar imersos
totalmente e em sincronia com o que D-us quer de nós.
Fontes das imagens:
Ilustração dos 1728 Figuras de
la Bíblia
Mordechai Edel
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