terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A mulher no Judaismo



Preconceitos e mitos


Gostaria de saber: qual é o papel da mulher no judaísmo, além de criar os filhos segundo a orientação da Torá? Como o judaísmo vê a mulher? O que fez de Débora juíza sobre o nosso povo em uma época em que a mulher não podia ocupar nenhum cargo de liderança?

Primeiramente, gostaria de fazer algumas perguntas: por que é que a Torá louvaria e descreveria histórias de várias mulheres que lideraram e foram exemplo no povo judeu, como Miriam, Débora e Yael, se sua função fosse apenas criar filhos? Se seu papel fosse apenas em casa, porque seria mencionado um "mau exemplo" de envolvimento com a comunidade?



"E D'us criou a Mulher..."    




Porque é que no judaísmo, mesmo os homens mais elevados são considerados incompletos até que não se casem e unam-se a uma mulher?
Porque há tantas leis na Torá referentes ao casamento que considerem a mulher, entre as quais a de que o consentimento da mulher é imprescindível para que possa haver uma união, e a que obriga um homem a conceder o divórcio a sua esposa, caso seja essa a vontade dela?

A resposta para estas e muitas outras perguntas é: o judaísmo é igualitário, tanto os homens quanto as mulheres têm a mesma importância e são imprescindíveis para nosso povo. O que existe é o preconceito do preconceito.



Infelizmente é comum ouvir por aí que no judaísmo existe um preconceito contra as mulheres. Muita gente acha, que o facto das mulheres se sentarem na sinagoga atrás de uma mechitsá (elemento físico utilizado como divisória em um ambiente que serve para separar os homens das mulheres), e de não cumprirem certas mitsvot, as torna "segunda categoria". Se descobrissem e pesquisassem os verdadeiros motivos, certamente mudariam completamente de opinião.

Estes são os argumentos de quem olha de fora, superficialmente. Porém, pergunte a uma mulher religiosa, e ela responderá: não é nada disto! O judaísmo é uma construção, precisa de arquitectos, pedreiros, pintores, decoradores. Todos são igualmente imprescindíveis. Cada um tem sua função, e se não for ele, ninguém a fará. Não adianta colocar um pincel na mão de um pedreiro, ou uma pedra na mão do pintor. Da mesma forma, o homem e a mulher receberam as mitsvot e funções necessárias para efetuar sua parte na construção e se completarem nesta tarefa.

Mitsvot são meios de chegar a D'us. Uma mulher não precisa ser chamada na Torá ou ser chazan, porque, neste aspeto, já está próxima a D'us. Já o homem necessita destas mitsvot para alcançar a proximidade que lhe falta.

A mulher é chamada de "Akeret Habayit" - a fundação do lar. É ela que tem a capacidade e as características de segurar uma casa. Devemos estar conscientes do grande mérito que é esta função, já que, analisando bem, toda a base da sociedade e de cada indivíduo está em sua casa. Seu principal investimento é na sua família, sim, mas não pelo falso argumento dela ser inferior ou incapaz de fazer outra coisa.

É justamente pela importância e delicadeza desta "mini empresa", que exige a astúcia e o toque de uma mulher. Porém, tendo em mente a importância e a proporção certa das coisas, nada impede que uma mulher exerça também outras funções, que esteja envolvida com a sociedade. E mais, se possui talentos e dons, estes lhe foram dados para usá-los. Se D'us os deu, porque deveria abrir mão de suas habilidades?

Nenhum rabino dirá que a mulher é apenas uma reprodutora e deve ficar trancada em casa. Talvez quem diga isto seja um grupo de pessoas preconceituosas, discursos e filmes que deturpam o sentido do judaísmo e danificam a sua imagem.


Devemos sempre procurar o verdadeiro porque e como das coisas com quem realmente lida com elas, e livrarmos-mos dos preconceitos que acabam por penetrar na nossa maneira de pensar e de ver as coisas.



Pintura de Jacob Pichhadze


Fonte:

2 comentários: