Hilel é conhecido por ser um sábio que preservava o amor, o
humanismo, a bondade, a paciência e a humildade. Ele foi o primeiro dos rabinos
fariseus, nasceu na Babilónia durante o século I a.e.c., mudou-se para a Judeia
com 14 anos; passou alguns anos em Jerusalém e depois mudou-se para a Galileia.
Os seus ensinamentos encontram-se relatados no Pirkei Avot
(a ética dos pais), escrito na Babilónia e depois acrescidos de outros
ensinamentos, sendo adicionados ao Talmud. Nessa época, houve uma grande
disseminação do Talmud, que tornou os eruditos da Mishná os verdadeiros líderes
religiosos do povo, os chamados Tanaim (de Taná, em aramaico, significa aquele
que estuda, repetindo e transmitindo os ensinamentos de seus mestres).
O Sábio Hilel
A primeira geração dos Tanaim, que exerceu suas atividades
no início do reinado de Herodes, é representada por Hilel e Shamai, fundadores
de duas escolas que levaram seus nomes (Beit Hilel e Bet Shamai). As duas escolas
reflectiam a personalidade do seus fundadores. Hllel era uma pessoa amável,
simples, próxima às camadas mais modestas, e suas máximas breves reflectem na sua
generosidade, piedade e amor à humanidade. Shamai era extremamente íntegro, mas
rígido e irascível.
Beit Hilel e Bet Shamai
Hilel foi responsável pelo estabelecimento da Halachá, o
conjunto de regras baseadas na interpretação da Tora, ou seja, como um judeu
deveria viver de acordo com a Tora. Ele foi o líder de uma revolução espiritual
no judaísmo. Ele acreditava na presença contínua de D’us no Universo e que a
única maneira dos homens servirem a D’us era por meio de seus actos, sendo
diretamente responsáveis por eles perante D’us. Falava também de união mística entre D’us e o homem. Apesar
de todas as controvérsias que se acenderam entre estas, ambas se inscreviam na
estrutura tradicionalmente aceite no judaísmo. As disputas pela Halachá entre
elas prosseguiram por muitas gerações até que finalmente prevaleceram os pontos
de vista de Hilel.
Os seus ensinamentos eram muitas vezes opostos aos
ensinamentos de Shamai. Dizem que o Talmud regista 300 discordâncias entre
eles, mas esse número inclui as discordâncias entre os seus discípulos, uma vez
que ambos criaram escolas rabínicas.
Como já citado, Hilel era um homem de paz, humilde e
respondia a todas as perguntas que lhe eram feitas, mesmo as constrangedoras.
Ao contrário de Shamai, Hilel tinha alunos não-judeus.
Ele estimulava, nos homens, a auto-estima com o seu
pensamento mais famoso: “Se eu não for por mim mesmo, quem será por mim? E, se
somente por mim, o que sou eu? E, se não for agora, quando?”. E com outro:
“Aquele que tenta engrandecer seu nome o destrói; aquele que não aumenta seu conhecimento
o diminui e aquele que não estuda merece morrer”.
Hilel teve na sua academia 80 discípulos, muitos dos quais
importantes. O conselho dos membros da corte de Herodes não foi seguido. Ele
faleceu no ano 10, 14 anos depois da morte de Herodes, o Grande.
Shammai, assim como Hilel, era um judeu nascido no século 1
a.e.c., um líder religioso importante e grande na literatura rabínica, na
Mishnah (primeira discussão feita a partir da Torá que vai para o Talmud). Ele
era o “adversário” de Hilel, sendo sempre mencionado junto a ele.
Diferentemente de Hilel, Shammai era um homem rígido, justo
e sem paciência. Uma das histórias que se conta é que um dia, um homem veio em busca de Shammai e pediu para ser convertido: “Converto-me na condição de você me ensinar toda a Torá, enquanto eu estou apoiado em um só pé”, Shammai
empurrou-o para fora com a régua em sua mão, então veio Hilel e lhe disse:
“ Não o faças aos outros o que
não desejas para ti. Esta é a Torá, o resto é comentário. Vai e aprende.”.
Numa época de grande agitação política e social, Shammai
foi uma grande influência, recusando-se a ser intimidado pela potência
estrangeira. Ele cresceu à sombra da opressão de Herodes, e acreditava sempre
que era necessário ter uma postura firme para lidar com os adversários da
tradição judaica. Conta-se que, quando Herodes apareceu na sala do Sinédrio,
rodeado pela guarda real, totalmente armados, o silêncio reinava. Podia-se
sentir o sentimento de intimidação naquela sala, quando, apenas Shammai, sem
medo, levantou-se para falar contra ele. Passou então a fazer decretos para
separar e proteger a comunidade judaica da interferência de Herodes e dos
romanos. Ele alertou o perigo de Herodes aos seus colegas, avisando-os de que
ele iria dominá-los sem piedade. Na verdade, Shammai foi um dos poucos a
sobreviver.
No entanto, apesar de toda a sua tenacidade em assuntos
jurídicos e políticos, temos uma perspectiva bastante diferente de Shammai
quando nos voltamos para a Halachá. Lá, Shammai diz:
“Cumprimente cada homem com um semblante alegre e um
sorriso”.
Os preceitos morais da Halachá estão associados aos sábios
que não só ensinavam, mas viviam daquela maneira. Aqui, Shammai era um homem
com um sorriso radiante e pronto, que seus colegas e discípulos conheciam tão
bem.
Então, como compreender Shammai? Porque ele mesmo não
seguia seus ensinamentos? A resposta encontrada é que Shammai não é o homem dos
“pedidos”. Ele acreditava, assim como na história da conversão do homem apoiado
em um pé só, que, para aprender a Torá não se podia ter pressa, e, se um
candidato a conversão tem pressa, é porque não a merece.
Shammai
Fontes:
http://www.chazit.com/cybersio/chazal/hilleleshammai.html
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